Em menos de 24 horas, uma enfermaria de 19 quartos no piso 3C do Hospital da Luz Lisboa foi equipada para receber doentes com Covid-19 que estavam no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e tiveram de ser transferidos por causa do problema no sistema de oxigénio deste hospital. Neste momento, a assistência a estes doentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é assegurada por equipas de ambos os hospitais, numa parceria de características inéditas em Portugal entre hospitais públicos e privados. A disponibilidade desta enfermaria do Hospital da Luz Lisboa para ajudar o SNS a fazer face às necessidades de internamento de doentes com Covid-19 já tinha sido manifestada pela Luz Saúde à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Trata-se de uma enfermaria com 19 quartos (4 dos quais de pressão negativa), no piso 3 do novo edifício do HL Lisboa, que estava preparada para quando fosse necessário alargar a capacidade de internamento para doentes Covid, até agora apenas concentrada no piso 5 C, com 58 camas, todas elas ocupadas. O pedido do Hospital Amadora-Sintra chegou ao final da noite de terça-feira, 26 de janeiro, no âmbito do plano que esta unidade teve de pôr em marcha, de transferência de cerca de 100 doentes Covid para outros hospitais, como forma de aliviar o seu sistema de fornecimento de oxigénio às enfermarias, que estava em sobrecarga. A partir das 23h desse mesmo dia, o HL Lisboa mobilizou de imediato as suas equipas – enfermeiros, médicos, farmacêuticos, técnicos de sistemas informáticos, infraestruturas, manutenção, equipamentos, aprovisionamento e recursos humanos – para apetrechar a enfermaria do piso 3 C e criar condições para os profissionais do Amadora-Sintra aqui poderem trabalhar. Os pormenores da transferência dos doentes foram acertados numa reunião logo ao início da manhã do dia seguinte entre responsáveis das duas unidades, que desde aí têm estado em contacto quase permanente: Anisabel Soares e Pedro Patrício (enfermeira diretora e diretor de operações do HL Lisboa, respetivamente) e, do lado do Amadora-Sintra, Rui Santos (enfermeiro diretor), Fernando Aldomiro (membro da direção clínica e diretor do Serviço de Medicina 2), Marta Jonet (médica internista) e Patrícia Fernandes (enfermeira chefe do Serviço de Medicina 2). Grande espírito de equipa e colaboração A partir das 15h de 27 de janeiro, o HL Lisboa começou a receber os doentes do Amadora-Sintra, transferidos na sua maioria por ambulâncias do INEM, mas também das corporações de bombeiros de Algueirão, Queluz e S. Pedro de Sintra. A transferência ficou completa por volta das 18h. Trata-se de doentes de menor gravidade, mas todos dependentes de oxigénio ou de Ventilação Não Invasiva (VNI). Entretanto, 4 dos doentes já voltaram ao Amadora-Sintra (por não terem já necessidade de oxigénio ou VNI) e vieram outros 4, estando as 19 camas da enfermaria ocupadas. A assistência médica e de enfermagem e o apoio de auxiliares de ação médica são assegurados pela equipa do Amadora-Sintra – constituída por 6 médicos, 29 enfermeiros e 13 auxiliares –, apoiada em permanência por um enfermeiro responsável do HL Lisboa. A partir das 17h, cabe ao HL Lisboa assegurar a assistência médica, continuando a enfermagem a cargo do Amadora-Sintra. Todas as necessidades clínicas, como análises laboratoriais, exames de imagiologia, consumo clínico e fármacos bem como refeições, são garantidas pelos serviços do HL Lisboa. “A articulação entre a nossa equipa e a do Amadora-Sintra foi desde o primeiro contacto muito boa, com um grande espírito de equipa e colaboração que permitiu ultrapassar todas as dificuldades que pudessem existir” , comenta Anisabel Soares (ao centro, na foto em cima, com enfermeiros do HL Lisboa e do Amadora-Sintra). “Quando aqui cheguei na manhã do dia 27, já estavam os nossos enfermeiros responsáveis dos vários serviços do hospital, da Gestão do Risco, da GCLPPCIRA e elementos das outras direções a preparar e a organizar tudo. Foi revista a delimitação dos circuitos de circulação dentro do próprio serviço (‘limpos’ e ‘sujos’, ou seja, ‘covid’ e ‘não covid’) e dada uma breve formação aos profissionais do Amadora-Sintra sobre a nossa organização e funcionamento” , acrescenta a enfermeira diretora do HL Lisboa. Os Recursos Humanos e a Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação criaram as condições para que estes profissionais externos tenham acesso às áreas do edifício e os respetivos acessos informáticos para os registos clínicos dos doentes. O sistema de registos clínicos e de enfermagem do HL Lisboa é o mesmo do Amadora-Sintra, “o que facilita muito o seu trabalho” . “Esta é uma parceria com características inéditas e operacionalizada em tempo recorde graças à disponibilidade de todas as equipas envolvidas. Correu tudo muito bem e com a máxima segurança” , conclui Pedro Patrício , salientando que isto é possível também porque o HL Lisboa funciona já desde março do ano passado com circuitos autónomos específicos para doentes Covid e não Covid. Para a Luz Saúde , este é um momento de compromisso absoluto com o país, com os portugueses e com o sistema nacional de saúde. Por isso, assumimo-lo com toda a nossa capacidade e a dedicação de sempre. Obrigada a todos os profissionais do Hospital da Luz Lisboa o empenho e profissionalismo que colocaram na concretização desta operação e na forma exemplar como diariamente respondem às necessidades de todos os nossos doentes.